quarta-feira, dezembro 21, 2005

Editoriais de quarta, 21/12

[Os editoriais de ontem serão publicados oportunamente]

O Haaretz comenta que "a vitória de Binyamin Netanyahu nas eleições primárias para o Likud aproxima o partido à extrema direita no mapa político, muito perto de legendas como União Nacional, Israel Beiteinu e Partido Religioso Nacional - os que se opuseram ao plano do primeiro-ministro Ariel Sharon de evacuar a Faixa de Gaza e o norte da Cisjordânia. Esses mesmos partidos gozam de apoio de uma expressiva maioria do público israelense... Ainda não está claro por qual razão Silvan Shalom [ministro de Relações Exteriores, derrotado por Netanyahu nas primárias do Likud] está fazendo em um partido como esse. Com Avigdor Lieberman [União Nacional] esperando que Netanyahu se torne seu número 2, é estarrecedor que Shalom insista em ser o número 2 do número 2 de Lieberman. Durante seus três anos como ministro de Relações Exteriores, Shalom teve uma atuação muito positiva, especialmente na condução de relações diplomáticas entre Israel e o resto do mundo - além da Casa Branca. A melhora na posição de Israel foi alcançada, em grande medida, graças ao desejo do país de retirar-se da Faixa de Gaza e de dialogar com a liderança palestina depois da morte de Yasser Arafat [líder palestino morto em novembro de 2004]. Seria melhor para Shalom não se tentar a deter-se no Likud como número 2, atrás de Netanyahu. Seu lugar natural é o Kadima - como é o lugar de todos que apóiam uma política realista que já não pertence ao Likud. O maior benefício do 'big bang' político recente é a possibilidade de uma reflexão mais precisa das posições fundamentais. Dessa forma, moderados não devem permanecer no Likud - ajudando a obscurecer a imagem que finalmente está se tornando clara".

O Jerusalem Post escreve: "O deputado Azmi Bishara [Assembléia Democrática Nacional] disse ao mundo árabe na semana passada que se deve manter sempre ardendo a brasa do conflito israelo-palestino. Ele disse que não lhe interessa a democracia israelense, que Israel é o produto do 'maior roubo à luz do dia' da história moderna e insistiu que a cidadania israelense não é desejada pelos árabes residentes no país... Na última semana ele ainda viajou para um país inimigo sem permissão - dessa vez o Líbano, sua segunda visita ao país este ano. Em uma palestra que concedeu em uma feira de livros, ele disse sem papas na língua tudo o que quis sobre Israel... Diante das recentes acusações de Bishara contra o Estado que, diretamente ou não, financia suas viagens públicas a território inimigo, talvez seja o momento para que os poderes legislativo e judicial desse país use os direitos de sua democracia para defender o país. Democracias defendem o conceito de 'liberdade de expressão'. Contudo, está implícito nesse conceito que nem todo discurso é protegido ou livre. Ainda que ele seja permitido a manter a cidadania que abertamente desdenha, não vale a pena, pelo menos, analisar se Bishara pode continuar servindo em uma instituição que representa o Estado que ele rejeita veementemente e que quer destruir? Não existem limites para o abuso que nós, como nação, vamos tolerar em nome da objetividade?" [Leia aqui texto relacionado, do Yediot Acharonot]

O Yediot Acharonot comenta sobre a eleição de Binyamin Netanyahu como líder do Likud e candidato a primeiro-ministro e acredita que "Netanyahu pode mudar suas opiniões e expressões mas não sua personalidade - e foram ambos sua personalidade e as características pessoais que o 'mataram' em seu primeiro mandato".

Em seu segundo editorial, o Yediot Acharonot sugere que os relatórios sobre o estado de saúde do primeiro-ministro Ariel Sharon [internado no início da semana depois de um derrame leve] poderiam ter sido mais francos. Os editores do jornal lhe desejam uma rápida recuperação.