segunda-feira, dezembro 19, 2005

Editoriais de segunda, 19/12

O Haaretz comenta que as primárias para a liderança do Likud, que ocorrem hoje [segunda], "estão sendo tomadas incorretamente como uma disputa pessoal entre Binyamin Netanyahu, Israel Katz, Moshe Feiglin e Silvan Shalom. Mesmo uma leitura precipitada dos slogans eleitorais dos candidatos mostra que se trata de uma batalha sobre princípios, que determinará a cara do Likud, um partido que precisa buscar um novo caminho e, além disso, participar no discurso israelense - e não ficar alienado a ele... O Likud, que essencialmente perdeu [o primeiro-ministro] Ariel Sharon [que saiu para fundar outro partido, Kadima, em 21 de novembro], deve entender - analisando a péssima colocação que tem nas pesquisas - que o apoio à plataforma extremista não apenas feriu a legenda como também tende a torná-la um legenda sem relevância. O Likud tem, contudo, uma oportunidade de provar para a opinião pública israelense, e especialmente para aqueles eleitores favoráveis aos movimentos políticos de Sharon, que procura ter um impacto na definição da cara do país. É uma oportunidade para que os eleitores do Likud possam dizer a seus líderes que eles não querem ficar para trás na política apenas para continuar brandando slogans vazios. Para tanto, eles precisam eleger como líder do Likud um político que entenda que slogans extremistas não são mais aceitáveis para a maioria do público".

O Jerusalem Post escreve que apesar das "boas notícias sobre o aumento do número de estudantes árabes que tem escolhido participar em programas sobre o Holocausto, está se tornando evidente que isso às vezes se trata de um pretexto para relacionar o extermínio de judeus europeus ao problema dos árabes-israelenses - ou a 'nakba', a catástrofe da criação de Israel... As narrativas judaica e árabe não precisam ser um jogo empatado, especialmente em um momento em que o governo israelense e o consenso já aceitam o estabelecimento de um Estado palestino. Em 1947 [ano da partilha da Palestina pela ONU], imediatamente depois da Guerra [dos Seis Dias] em 1967, durante os acordos de Oslo en 1993, na cúpula de Camp David de 2000 e hoje, os judeus de Israel apoiaram a divisão da terra em troca de paz - e em cada ocasião as propostas foram violentamentes rejeitadas... Esse fato também faz parte da história, e é disonesto que os árabes o ignorem. Árabes-israelenses pertencem a duas nações: aquela da sua história, idioma e religião; e o Estado de Israel, a democracia em que vivem. A liderança árabe-israelense deve escolher entre imbuir sua próxima geração com uma identidade que contraponha as duas identidades nacionais ou, por outro lado, encontrar uma maneira de harmonizar ambas. Nosso sistema educacional não deve - seja por indolência ou para evitar um confronto - abrir mão de influenciar essa escolha".

O Yediot Acharonot se refere aos recentes comentários do deputado Majli Wahabee, membro do Kadima [partido de Ariel Sharon], que rejeitou com desdém a possibilidade de que uma mulher como Tzipi Livni [atual ministra de Justiça e membro do Kadima] poderia tornar-se ministra de Defesa: "Wahabee tem razão. Os israelenses não querem para si um ministro de Defesa, mas um fantoche com graduação, um papai uniformizado que nos vá dizer que tudo anda bem. Esse de fato não é um cargo para uma pessoa séria como Tzipi Livni".

Finalmente, o Hatzofeh acredita que a recente decisão do Congresso norte-americano de se opor à participação do Hamas nas eleições iminentes da Autoridade Palestina e de ameaçar repensar a ajuda financeira para a AP terá pequeno efeito real. O jornal fortemente duvida que o líder da AP, Mahmoud Abbas, vá tomar qualquer ação séria contra o Hamas.